terça-feira, 21 de julho de 2009

Ele,


Ele virá com olhar sério de menino intelectual como quem recusa apresentações. Arzinho triunfante de quem controla tudo e não desiste de nada. Virá, quem sabe, com a barba por fazer e tu irás perguntar se é gesto de masculinidade ou sinal descuidado de namorada inexistente. Vais inventar encontros, traçar palavras e imaginar cruzamentos na rua que sabes que nunca irão acontecer senão em páginas que escreves nos tempos livres. Imaginas que ele gosta de café amargo ou de chocolate preto, mas sabes bem que é apenas palpite e estás longe da verdade que ultrapassa as tuas palavras tontas. Dizes que ele detesta miúdas covardes, mas na verdade és tu quem te detestas a ti mesma pela covardia que esconde quem verdadeiramente és e o que verdadeiramente sentes. E depois, quem garante que não tens razão? Escreves histórias de amor que não és capaz de viver por covardia, não és capaz de criar personagens felizes porque isso seria admitir essa tua incapacidade de te separares dos dramas e tragédias, porque tens necessidade de saber que não és a única. Imaginas sorrisos enfrente ao espelho e ensaias expressões que não farás de forma convincente. Isso porque te escondes atrás de ti mesma, te desenhas nas entrelinhas do que escreves sem saber muito bem quem te irá ler.Não quero ser a música que ouves sempre repetida na rádio. Não quero ouvir da tua boca as palavras já gastas. Não quero ser o elogio extra ao teu ego.

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